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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Quase com o dia raiando, Guns N´Roses põe fim ao Rock in Rio 2011

Quase com o dia raiando, Guns N´Roses põe fim ao Rock in Rio 2011

 Não é por acaso que o homem que manda no Rock in Rio, Roberto Medina, diz que “fica sempre de olho nele”. Axl Rose provou no encerramento do Rock in Rio 2011, mesmo visivelmente fora de forma (não estamos falando apenas fisicamente) porque continua sendo um dos artistas mais improváveis da cena musical mundial.

Afinal, que outro artista perderia um voo fretado para o Rio de Janeiro, causaria boatos de cancelamento, atrasaria o show em 1h30 (deixando os fãs esperando na chuva), confundiria toda a imprensa com um set list de 36 músicas, das quais apenas 21 foram executadas, em ordem completamente diferente da divulgada, aliás, e, por fim, daria adeus às 5h05 da manhã? Isto é Axl Rose, este é o Guns N´Roses. Todo mundo já sabia disso.
O fato é que, alheio a todas estas polêmicas de atrasos, boatos e repertório fora de ordem, o fã da banda californiana formada nos anos 80 que veio à Cidade do Rock para matar as saudades do Guns N´Roses, mesmo com a chuva que castigou toda a apresentação, deixou o festival satisfeito com um apanhado de grandes sucessos da carreira do grupo.
Não ficou faltando nada: “Sweet Child O´Mine”, “November Rain”, “Paradise City” (mais uma vez a música de encerramento do show), e até mesmo a longa e saudosa “Estranged”, que não costuma constar no repertório da banda, estiveram presentes na apresentação mais longa da quarta edição brasileira do festival – com direito ainda a trechos solos de todos os integrantes.
O show
Com seu tradicional chapéu, além de uma capa de chuva no estilo fiscal de trânsito, toda amarela, Axl Rose subiu ao palco Mundo às 2h46 já de segunda-feira para sua quarta participação à frente dos Guns N´Roses no Rock in Rio (três edições brasileiras e uma européia). E a exemplo de suas apresentações no Brasil ano passado, o Guns deu o pontapé inicial com “Chinese Democracy” – do disco auto-intitulado, que demorou uma década para ficar pronto – seguida por “Welcome To The Jungle”, clássica de “Appetite For Destruction”, o primeiro sucesso comercial do disco mais bem sucedido do grupo.
Do mesmo disco veio “It´s So Easy”, emendada em “Mr. Brownstone”, músicas que compuseram o primeiro single dos californianos, lançado lá atrás, em 1987, antes mesmo de Appetite impressionar a crítica e o mundo da música. De “Sorry”, voltando ao “Chinese Democracy”, e passando por um solo do guitarrista Richard Fortus, chegamos a célebre “Live and Let Die” – também marcante na voz de Axl em sua já veterana versão de Paul McCartney.
Não demorou muito o grande momento apoteótico do Guns neste Rock in Rio Rio: após “Rocket” e “This I Love”, o competente DJ Ashba, que teima em ser igual a Slash, no estilo e figurino, empunhou sua guitarra para o solo inicial e marcante de “Sweet Child O´Mine”. Seria “chover no molhado”, sem trocadilhos, dizer que a plateia foi ao delírio. Ainda mais pela sequência da apresentação: “Estranged”, de Use Your Ilusion, é daquelas músicas longas que não apareciam no repertório de Axl há um bom tempo.
Com a capa amarela: apanhado de sucessos não escondem um Axl bem fora de forma
“Agora eu gostaria de chamar ao palco uma pessoa muito especial”, falou Axl, acenando para Beta Lebeis, além de outros membros de sua equipe. Lebeis é a brasileira, natural de Santos, famosa por ser “mãe-tatuada” do líder do Guns – já que desde 1993 ela é um tipo de faz tudo, braço direito para todas as ocasiões. “A próxima música vai para ela. ‘Better’ for Beta”, disse Axl, ganhando uns tapinhas da homenageada. “Ela me bate o tempo todo”, resmungou.
Logo após a execução de mais um single de Chinese Democracy, Axl deixa o palco nas mãos do tecladista Dizzy Reed, o único integrante “da velha guarda” do Guns, que leva uma bela versão de “Tommy”, o musical baseado na “ópera rock” lançada em 1969 pelos ingleses do The Who. Após “Street of Dreams” e “You Could Be Mine”, outra menção honrosa para um grupo britânico: Richard Fortus tocou um trecho da guitarra de “Sunday Blood Sunday”, eterno hino do U2. Foi o tempo suficiente para que Axl se posicionasse junto ao piano para fazer jus ao temporal que insistia em castigar a Cidade do Rock: “November Rain”, a longa balada que nunca fica fora do set list – afinal, tempo não é problema para Axl Rose, certo?
Claro que não, tendo em vista que Ron “Bumblefoot” Thal também teve o seu solo de guitarra: o tema de Pantera Cor de Rosa arrancou palmas do público antes de mais um cover, este muito mais famoso, entrar em cena: “Knockink On Heaven´s Door”, de Use Your Ilusion II, lançado em 1991, ano em que o grupo veio pela primeira vez ao país para a segunda edição do festival. Bravamente empolgado, mesmo às 4h37 e com chuva, o público cantou em coro o refrão – uma ajuda e tanto para quem já não tem o mesmo timbre e agressividade vocal dos tempos áureos.

Com “Night Train”, a música composta por Slash e Duff McKagan em homenagem ao nome de um vinho bom e barato das épocas de vacas magras em Los Angeles, ainda na fase embrionária do grupo, o Guns completou duas horas de apresentação. Axl deixa a cena junto com seus companheiros.
Richard Fortus retorna do backstage com um violão e o assobio desafinado do líder do Guns para anunciar a balada "Patience" mostra um Axl longe da afinação apropriada da canção, algo que ficou claro também no encerramento...da canção, claro.
Porque faltava ainda “Paradise City”, o grande hino dos Guns N´Roses, que assim como nas apresentações da turnê do ano passado, no Brasil, retirou dos pacientes fãs o último suspiro ainda possível dentro da Cidade do Rock. Após 2h20 de show, às 5h05 de segunda-feira, estava encerrado o Rock in Rio 2011. Nunca os fogos de encerramento, com a música tema do festival ao fundo, foram tão aguardados e comemorados, com o dia já querendo amanhecer. Que venha 2013.

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